terça-feira, 19 de janeiro de 2010

eterno milho.

(...) "pesquisando sobre o tema, descobri que o milho que não estoura se chama piruá. sabe aquele milho que sobra na panela e se recusa a virar um floquinho branco, macio e alegre? piruá. e aí tenho que concordar com o escritor rubem alves, que já escreveu sobre o assunto: tem muita gente piruá neste planeta.
gente que não reage ao calor, que não desabrocha. fica ali, duro, triste e inútil pro resto da vida. não cumpre sua sina de revelar-se, de transformar-se em algo melhor. não vira pipoca, mantém-se piruá. e um piruá emburrado, que reclama que nada lhe acontece de bom. pois é. perdeu a chance de entregar-se ao fogo, tentou se preservar, danou-se.
domingo aconteceu outra vez: todo mundo enclausurado dentro de suas panelas. silêncio, tensão. o fogo foi aceso assim que o juiz apitou o início da partida contra a austrália. a seleção foi quente o bastante para nos fazer explodir.
e para mostrar para aqueles que têm vocação para piruá que o importante na vida é reagir às emoções, e não manter-se frio, fechado, feito um grão que não honrou o seu destino."

martha medeiros.

e o big brother, fútil e julgado, me trouxe esse texto.
piruá.

boa sorte.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

padlock times.

nesses meus dias de clausura é visível uma percepção maior dos meus próprios sentidos. é claro um maior auto-conhecimento, um certo saber próprio. em um saldo geral, eu posso dizer que minha situação atual é de medo. medo das pessoas, do que elas podem falar, do que elas podem fazer. é como se, pela primeira vez na vida, meu melhor amigo fosse realmente eu mesmo. fora as teorias, as frases de efeito que um dia eu já disse pra tentar organizar a vida de alguém, é como se realmente eu enxergasse com os meus próprios olhos que, no final, é você versus você.
acordo, tomo um banho, tiro de mim mesmo mais sete minutos de vida, almoço (sim, o café da manhã anda extinto graças ao horário de sono desregulado), sento à frente do computador, gasto mais alguns minutos de vida em frente à televisão e assim as horas passam.
no final do dia, me corre no sangue uma vontade de sair de casa, de correr o mundo, de ver gente, de ver olhos piscando, mãos se movendo, bater de pernas. mas, num súbito momento de pensar, começo a achar melhor continuar enclausurado.
o mundo anda me assustando, as pessoas costumam me confundir agora.
não sei se espero demais de quem não deveria esperar, não sei se projeto demais, enfim, não sei.
tudo que passa pela minha cabeça é que as pessoas não correspondem mais às minhas expectativas. posso até dizer que isso é culpa minha. espero demais, cobro demais, quero demais. mas no final, é isso que passa pela minha cabeça. pessoas me assustam.
passo longe de duvidar da importância que meus amigos têm em minha vida. são uma dádiva sim. das grandes. acho que no mundo não existem tantas pessoas com a sorte grande que eu tenho.
mas depois de tanto esperar, de tanto cobrar, de tanto querer, percebi que só quem pode ser mudado e ser cobrado é o meu íntimo. só posso cobrar e esperar de mim mesmo. só posso modificar o que eu tenho em mãos.
hoje eu prefiro a clausura. me sinto protegido. longe das amarguras, das lições que a vida insiste em me dar.
não me encontro em um momento de tristeza, prefiro acreditar que é uma fase de meditação, de compreensão.
os outros eu não entendo, mas de uma vez por todas, começo a entender a mim mesmo.
prefiro o trancar. e aqui ficam as mágoas, as tristezas, as incertezas e as inseguranças.
lá fora, quando a rotina me lançar novamente ao mundo, eu espero que um ser humano melhor ande pelas ruas, fale com as pessoas, sinta o que vem das pessoas, entenda o que vem das pessoas.
aguardo ansiosamente que esse amadurecimento forçado seja recompensado de alguma forma.
aguardo ansiosamente.
ansiosamente.

about me.

Minha foto
ten is for you, so who gon' get the next dozen, fool?